O filme Intrigas de Estado traz algumas reflexões relevantes para nós profissionais de comunicação. O que é jornalismo? Até aonde pode ir um jornalista? Qual a importância do jornalismo investigativo? Na película, há o grande impasse entre o jornalismo diário (o quarto poder) ou a amizade. Realmente, o drama levanta questões sobre lealdade, caráter, amizade... Valores do cotidiano. Mas também é verdade o questionamento: jornalistas não têm amigos? Devemos fazer todos ao nosso redor de fontes? Questão a se pensar...
Caminhando para uma linha mais científica, o jornalismo é tratado como uma “violência simbólica” - Pierre Bourdieu classifica como a exploração da vida das pessoas com o consentimento inconsciente delas. O veterano jornalista (McAffrey, interpretado por Russell Crowe) se vê num dilema: a verdade para população ou a amizade de Stephen Collings (Ben Affleck), que interpreta um promissor parlamentar.
Momento “vamos subestimar o telespectador” é quando uma estranha aparece no filme, sem explicações, pelo menos no início. Com um ar de drogada, ela envolve quem assiste e dá rumo à trama. Será que a idéia seria mostrar o quinto poder ( a sociedade) ? Provavelmente não. Afinal, esse poder é a sociedade agindo enquanto jornalista. A estranha vai para o calejado profissional da comunicação, contrariando essa hipótese de poder.
Não podemos esquecer a questão da dignidade humana! A mulher do político é abordada de forma estrambótica: é traída e obrigada pelo marido a aparecer na mídia mostrando que está “tudo bem, todos erram”. Mas o eixo central é a questão entre o veterano jornalista, o político e a iniciante jornalista blogueira (Della Frye, interpratada por Rachel Mcadams).
O conflito psicológico é a questão! Isso já seria meio que óbvio se não fosse o enredo que leva a crer que o deputado Collings está sendo colocado numa armadilha. O parlamentar estava investigando certa empresa, por isso seria alvo de injustiças – ele estava sendo perseguido politicamente e correndo aparente risco de ser morto. As cenas que norteiam o filme mostra toda a versão do deputado. “As atrocidades cometidas pela Point Corp e suas filiais contra a população civil no Iraque e Afeganistão.”
Show de interpretação pela editora-chefe (Hellen Mirren), mas mal aproveitado. Ela poderia ter mais destaque. Fotografia perfeita; enredo piegas, mas a fórmula ainda funciona e figurino perfeito garantem sucesso ao filme e vontade de uma continuação. Afinal, é um assunto muito bom pára se refletir.