sábado, 8 de outubro de 2011

“Manicuro”


 

Por Angélica Zenith




Século XXI. A variedade das profissões tornou-se mais presente e evidente. Carpinteiro, assessor de elevador, pedreiro, blogueiros, cabeleireiros, twiteiros, entre outras inúmeras profissões criadas, recriadas e até funções antes só exercidas por homens, ou por mulheres, hoje contemplam a unisexualidade das movimentações mercadológicas.



Como é o caso de Paulo de Aquino, 22, que há três anos resolveu se especializar fazendo unha. “Sempre gostei de fazer a minha unha. Antes um amigo meu era quem fazia para mim, mas doía muito porque ele fazia muito “bife”, por isso resolvi aprender”, contou Paulo, que decidiu investir na área por falta de oportunidade em outros setores. 



Competente, atencioso e muito divertido. É assim que as clientes do salão de beleza de dona Selma, localizado na Rua Afonso Pena, na Boa Vista, definem o mais novo manicuro do local. Pois assim que começou a praticar em casa fazendo a unha da mãe e das irmãs, Paulo logo foi contratado.



A dona do salão de beleza, Selma Gomes, 58, disse que está muito satisfeita com o trabalho de Paulo e endossa a importância dessa “nova era” de aceitabilidade no mercado de trabalho. “Esse novo período é muito importante. As pessoas agora tendem a deixar o preconceito de lado. Não importa a sexualidade, mas o desempenho profissional de cada um”, contou Selma.








Renata Oliveira, 35, trabalha no salão há 10 anos como cabeleireira e disse que é engraçado ficar observando as reações das clientes quando chegam e encontram um homem com o pincel de esmalte na mão. “Risadas, cara de espanto e até aquelas que não entendem e perguntam para confirmar: É você mesmo que vai fazer a minha unha? Eu me divirto muito e tenho certeza que as clientes estão gostando”, disse a cabeleireira.





Para a maioria dos clientes do salão, vê um homem fazendo unha é inusitado. A estudante Adriana Ribeiro, 25, achou muito estranho quando entrou no salão e encontrou um homem sentado pintando as unhas de uma cliente, mas diz que não tem preconceito. “Só achei esquisito. Quando Paulo perguntou se eu me importava dele fazer minha unha, eu disse que não, mas confesso que fiquei meio desconfiada. Não acreditava que um homem pudesse fazer unha tão bem”, revelou Adriana.

Porém nem todas as clientes encaram dessa forma. A auxiliar de serviços gerais, Angelita Rodrigues, 33, diz que a situação causa desconforto, por isso prefere fazer sua unha com as mulheres. “Acho que fazer unha é atividade para mulher. Não me sinto confortável e nem acho certo, mas tem quem goste e confia”, disse Angelita.

O cenário de hoje entra em contradição com o que muitos conservadores, como Angelita, pensam. Os espaços que antes eram restritos ganham e oferecem oportunidades para que as pessoas coloquem em prática seu lado profissional, não o sexual - o que também era decisivo na contratação de um trabalhador. 



Vídeo - Paulo conta as dificuldades da profissão


Ouça a entrevista com a dona do salão - Selma Gomes

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